Perdi lá pelas nove mil e vinte e cinco, trezentos e sessenta e duas vezes que pedi companhia. Parei de contar quantos domingos passei sozinha, parei de usar lágrimas de sobremesa, considerando grandes desejos um bom almoço. Havia cansado de ficar sozinha, de olhar pra trás e não ver ninguém. De contar uma piada e não ouvir nenhuma risada, mesmo que forçada. De danças num canto da sala como uma piriguete, ou de tocar bateria imaginária enquanto canto uma música, que nem mesmo bateria tem e ninguém achar isso estranho. Perdi a conta de quantas vezes me bati em uma mesa, ou um vaso e pedi desculpas a ele. Seria carência? Já gritei tantas onomatopéias logo seguidas de um silêncio tão pesado, às vezes um miado... Quem sabe?
Declarava meu amor a uma pessoa imaginaria, da qual sentia o cheiro, que dançava comigo e que sussurrava coisas no meu ouvido. Eu sempre soube que ela nunca existiu, mas sempre me aproveitei um pouco disso pra não fazer o dever de matemática. Já escrevi cartas para pessoas distantes, já me imaginei na Arábia, no Japão e na frança. Às vezes em um hospital, ou bem de dentro de uma caneta. Achava pessoas que nunca falei maravilhosas, fiquei razoavelmente apaixonada só por fotos . Fazia juras de amor, às vezes despedidas e na maioria das vezes saudades. Saudade mesmo, do que eu nunca havia conhecido. Foi só então, enquanto conversava com a Lua que ela me disse o certo a se fazer, e fiz, entreguei uma garrafa vazia com uma poesia e uma ofensa, dois colheres de sal e um amuleto que me trouxesse sorte. E virá, chegará logo na noite de natal. Eu sei que virá, virá mesmo. Eu juro, tenho certeza disso.
E no fim, é tudo mentira, está bem aqui.
Bem aqui no meu lado.
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
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Dúvido que alguém entenda/goste desse.
ResponderExcluirnão sei porque você acha isso, camila... porque eu gostei dele, sim. e muito!
ResponderExcluirquanto à parte de entender, isso é o que eu menos procuro, justamente por achar que é o que menos importa. não sei se já disse isso muitas vezes, mas o importante é sentir.
não duvide, eu gostei. eu entendi, se parece muito comigo, rs... só que depois das minhas onomatopéias, vêm dois latidos, que, por incrível que pareça, são simpáticos pra mim.
ResponderExcluiré, eu etntendi, bem como voce sabia.
ResponderExcluirno dia de são nunca eu hei de ganhar algo assim de voce, camila.