Lira, então, já que não conseguira convencer ninguém sobre o seu medo, decidiu sair correndo ao invés de achar um bom final para o seu plano de contingência contra cocos na cabeça. Você, certamente, deve estar se perguntando por que Lira não fez um plano de contingência contra o medo ou contra ligações indesejáveis de pessoas chatas. A verdade é que Lira achava que o medo é grande demais para se ter um plano de contingência. Lira, antes de pensar nos cocos, queria um plano que falasse sobre algo maior que uma ervilha e menor que o cabo de vassoura que está na frente de Lira agora. E sobre as ligações indesejáveis, bem, Lira não sabia como escrever “indesejáveis” e achava que precisaria de um documento escrito para garantir um bom plano de contingência – ela certamente estava segura sobre isso.
Duas coisas que você precisa saber para entender o fim da história é que, primeiramente, Lira achava que ervilhas eram coisas muito pequenas, mas talvez você não precise disso para entender o final dessa história – essa é a segunda coisa.
“Usar um chapéu coco para evitar um coco”, era o primeiro item de seu plano de contingência logo antes de “Usar um guarda-chuva de pele de morcego com resistência assegurada para garantir a não-queda de cocos”. Lira não tinha um guarda-chuva de pele de morcego, já que nunca tinha sido apresentada a um morcego e muito menos a um guarda-chuva, e mesmo assim, Lira me disse que os sites de compras daquela época não ofereciam boas promoções que incluíssem guarda-chuvas como este. Lira nunca tinha visto um daquele, mas Lira deixava como segundo item porque leu uma boa entrevista feita por um repórter Guatemalteco que assegurava a resistência. Lira acreditava, afinal Lira nunca conheceu um guatemalteco que mentisse. E se você tem dúvidas sobre Lira conhecer ou não Guatemaltecos, eu garanto: Lira tem vários parentes que moram na capital da Guatemala, inclusive, foram esses mesmos parentes que não acreditaram em Lira quando ela os tentou convencer do seu medo de cocos na cabeça, eles achavam que Lira não tinha nada na cabeça e, portanto não podia temer por ela. Mas eu disse a Lira que os adultos sempre acham que os adolescentes não têm nada na cabeça. Lira não ouviu, já que não conseguira convencer ninguém sobre o seu medo, decidiu sair correndo ao invés de achar um bom final para o seu plano de contingência contra cocos na cabeça.
Você sabia desde o começo o que Lira faria, Lira mandou eu dizer antes para que não acabasse tarde demais com a graça de sua história. Mas foi como eu disse a Lira, na verdade, não como a primeira coisa que disse a Lira, eu não sabia soletrar esta primeira coisa e Lira disse que poderia ser perigoso eu escrever algo que não sei soletrar. Lira disse que hoje em dia perguntam muito como se soletra as coisas.
Mas então, foi como a segunda coisa que disse a Lira: Ninguém se interessaria por uma história dessas.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)

Inspirada em Kelly Link
ResponderExcluirvocê é foda.
ResponderExcluirO jeito que você constrói o texto é admirável, você usa as palavras ao seu favor juntando-as com uma facilidade e sensatez que resulta num texto muito louco e gostoso de se ler.
ResponderExcluirvocê é foda velho *-*
ResponderExcluir