Aquele cheiro de flores de laranjeira dançando pelos arredores do meu nariz e minha palma quente da xícara aferventada que eu segurava na mão direita. Uns docinhos de goiaba e aquelas toalhas de mesa dos meus filmes franceses favoritos. Acabou o chá e já tinha enjoado do sabor doce e avermelhado grudando em minha boca. Olhei para a garçonete, jovem, bonita, sorriso agradável, olhos atentos e dentes escurecidos. Seu vício? Café.
- Um cappuccino, por favor?
- Creme e Açúcar? - Ela deu um sorriso meio torto e sem jeito, por ter achado engraçado eu abandonar meu vício e experimentar o dela.
- Com amor. - Eu disse. Não havia lá muitos motivos no mundo pra eu abandonar a xícara cotidiana de chá, se não fosse por estar doce demais. No entanto, lá me vem ela com creme e açúcar. Se precisar de algo pra me adoçar, será o amor, já não solto suspiros ou sorrio com o vazio, canto mentalmente e danço valsa na hora do banho. Não olho pra janela sem fim ou desenho corações nas bordinhas esquecidas pelos professores.
- Quero meu café com bastante amor - eu repeti enfatizando.
Ela me fitou continuamente por uns minutos e depois de um tempo saiu remexendo as mais diversas gavetas daquela pequena cafeteria beira-de-esquina. Nas primeiras, nas segundas e até mesmo nas mais ignoradas últimas. Colocou a mão profunda nos cantos e por fim, infeliz, me disse:
- O amor acabou.
Levantei-me deixando algumas moedas esquecidas em fundos de bolsos sobre o balcão, sem dizer nem uma palavra, pelo menos, paguei os dez por cento. Já que não era culpa daquela bela moça se perdemos e deixamos o amor de lado. Não é culpa daquela bela moça que o amor nem é mais tão pedido no cardápio. O mundo prefere os fast-foods, rápido, práticos, baratos e em quantidades. Aquele arrepio por um aperto de mão e as borboletas na barriga quando observamos a pessoa amada, aquele tropeço atrapalhado na hora séria e as lágrimas caídas das horas alegres só são vistas em observatórios científicos e em alguns filmes velhos e esquecidos da sessão da tarde.
No dia 12 sentarei em qualquer lugar aleatório e comemorarei sozinha, parabéns juventude atual: Vocês assassinaram o amor.
terça-feira, 1 de junho de 2010
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:( -liz f.
ResponderExcluirUma dose de amor, porfavor? Em nome de Liz Freitas.
ResponderExcluirRs
Se eu disser que fiquei boqueaberto por 5 min vc acredita?
ResponderExcluirD:
Lendo esse texto, me fez sentir melhor, por saber que ainda existem pessoas que acreditam no amor. By maycon ^^
ResponderExcluirlendo esse texto me senti melhor por saber que existem pessoas que pensam como eu, pelo menos ainda tem uma. E que não se preucupam com apenas banalidades e com coisas fúteis sem importância que os jovens hoje dão mais valor do que o amor.
ResponderExcluiracho que é um dos seus melhores textos, dificil de escolher mas gostei muito desse! não pare, eu me acostumei e agora dependo deles..
ResponderExcluirum dos melhores textos que já li. Lindo! =)
ResponderExcluirmuito bom texto, otimo mesmo, gostoso de ler, interessante, com um tema muito bom, um texto que prende, gostei muito mesmo *-*
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