Normalmente, olharia em algum olhar e logo quando se encontrasse com o meu, minha bochechas se tornariam rosadas iguais a rodelas de romãs, minha mão rapidamente se encaixariam em meus bolsos e meus ombros se aproximariam do meu pescoço em sinal de vergonha. Porém, aquela não era uma situação normal, poucas vezes fico tão segura e alegre.
Olhei e observei, fiquei imaginando o quanto fantástica aquela criança era. Não tão criança de idade, diria. Mas poderia enxergar nas janelas de sua história uma criatura extremamente dócil e infantil, mesmo apesar de seu corpo pedir distância. Devo dizer que daria um abraço, se me permitisse. Via uma criança sem infância, com poucos brinquedos e poucos jogos, um menino de apartamento feito de creme de amendoim.
Retornou o olhar, não mexi minha cabeça, aproveitei pra ficá-lo observando ainda mais com meus olhos costurados nele, escutava seus pensamentos e ouvia sussurros de suas palavras inteligentes no pé do meu ouvido. Desta vez, quem se envergonhou não fui eu, e como uma tartaruga insegura voltou-se rapidamente para seu casco e suas mascaras. Sorri da situação e pude ver um sorriso incompleto no canto da sua boca, ansioso pra sair, porém preso.
Poderia levantá-lo e dar meu apoio a suas crises como um coleguinha do futebol de lama que não o teve, ou, teria que ceder a essa guerra fria que é o mundo e apenas, fingir e atuar com esses limites colocados pela sociedade, de que nada aconteceu e tão pouco me lembraria daquele aprendizado.
E foi exatamente o que eu fiz, aliás, fui contra meus desejos e me sentei dando meia volta, afinal, Não sopro bolhas de sabão, nem jogo futebol na lama, agora sou mais uma humana qualquer, irrelevante que vale muito menos do que uns 20 cruzeiros e estes, não podem demonstrar amor.
segunda-feira, 22 de março de 2010
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