sexta-feira, 19 de março de 2010

Tosses de moscas.

A serpente passava fria, gélida, rastejando em curvas sobre minha bacia, minha barriga, meus peitos. Ao poucos foi se contraindo contra meu corpo e o ar me foi embora. Minhas mãos, fracas demais para tirá-la dali. Meus pés, ausente demais pra correr dali. Minha cabeça, tonta demais. Ela segurava meus pensamentos com os dentes afiados e envenenados, mastigando a energia dos neurônios.
Olhos saindo contra a face e vazando, tudo que já havia visto, agora corria sobre o chão. Molhando o carpete que mãe não deixa molhar. Ouvidos agora vazavam, desperdiçando tudo que já me foi ouvido, segredos, risadas e até mesmo tosse de moscas presenciadas. A boca econômica, dela nada vazava de tão ocupada que estava soltando um único grito continuou de dor intensa. Uma única vogal usada repetida vezes. A
A cobra pousou no pescoço e sussurrou no meu ouvido um seqüência de "s"s que detalhava o pedido da experiência, o pedido da libertação e do gerar pensamental. Ofereceu-me o tal fruto, só me restava experimentá-lo agora.
Braços e pernas cresceram tão rapidamente quanto os seios. Cintura e rosto afinados e nadegas levantadas. Lábios engrossados e comportamento estranho, liberdade. Sede, sede de convivência, sede de gente, do quente. Sede de dor, de solidão, de amor. Vontade, gritar, de chorar, rir e sair.
Este era o ingresso, agora só me faltava a trouxa e os pés no chão. Com um vaso guardou tudo visto, interpretado, escutado e falado que restava no chão, no bolso, e agora um recipiente cheio de jujubas e itens coloridos aguardava na sua mochila.



Oh, lembranças...

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