Quando descrevo a tristeza, ou a solidão, conto um enredo, uma história. Algo que envolve em nós um romance e até mesmo uma admiração, uma carência.
Por isso gosto da tristeza, e temos um relacionamento desequilibrado, igual a todos meus outros relacionamentos.
Porém, quando falo em felicidade. Tão pouco sei sobre ela, não que a sinta poucas vezes, sinto muito mais do que demonstro. Só que quando sinto a felicidade, êxtase, não paro pra pensar como me sinto e tão pouco me preocupo em escrever sobre aquilo mais tarde. E quando vejo, meus lábios já se contraíram e já estou sorrindo, rindo, gargalhando. Por isso gosto de ser feliz, a espontaneidade das coisas. Vou me envolvendo e parece que participo de uma linha imaginaria que une os pensamentos e vou soltando um pouco de mim tão rapidamente, impulsadamente que nem mesmo percebo ou filtro o que faço, não é pensado ou estruturado. Espontêneo, diria. Fecham se as portas do mundo concretizado de forma tão sútil como o vento.
Já a tristeza, chega em mim por escondida, faz-se de sombra e se esconde a nossas costas impedindo que a vejamos. Quando surge, então, uma oportunidade ela o abraça e beija seu pescoço, em êxtase total me deixo levar. Fecho os olhos, parecem tão pesados e levados que nem mesmo cogito a hipótese de abri-los. Ela puxa meu braço e me guia pra uma dança solitária baubuciando palavras doces enquanto, simultaneamente, toca no meu rosto com seus dedos leves e mácios. A concedo uma dança e ela fica ali, me seduzindo, com sua beleza. Como uma criança e seu pai, piso nos pés dela para acompanhá-la
O tempo não perdoa, faz-se de empresário atrasado e agi de correr mais e mais rápido até que percebo a seguinte realidade: estou sozinha.
Sim, sozinha. e, por mais estranho ou engraçado estou sozinha por necessidade de uma única companhia: minha solidão.

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