Hoje, o que mais admiro no espelho não é meu corte de cabelo, minhas roupas e muito menos meu corpo. O que gosto verdadeiramente de mim são essas confusões, essas lágrimas repentinas, esse gritos aprisionados que saiem como fugitivos. Como já disse minha tia, melhor do que transformar água em vinho ou ferro em ouro é transformar confusão em poesia. Aqui estou eu, tentando transformar essas repugnâncias em algo que não me enoje e que me traga aprovações, ou recusações se interpretados de maneira correta. Necessito de alguns meios e o mais importante deles, são as palavras. Através delas quase consigo expor e colorir minha alma com a mais cinza escuridão. Sem as palavras, não sei se seriamos capaz.
Mas sim, eu vi. Pessoas que se expressam não pelas palavras, pelo corpo. Já os tinha visto e apreciado, mas não tão de perto. Nunca observara e sentira o cheiro da atuação, do fingimento. Nunca tinha visto pernas e braços que agiam como verbos e substantivos. Muito menos colunas e olhos que são, sem ser, verdadeiras pontuações. Muitas vezes, sem voz, sem fala. Se pudesse mastigaria essa magia, digeriria o teatro e me alimentaria de seus amantes. Talento, não tenho, e mesmo que o tivesse, não saberia. Talento não se lê no espelho.
O palco me serviu como tomada e me deu um choque tão grande que pude sentir a estática correndo pelo meu corpo de tal maneira que meus olhos fecharam-se, meus braços travaram-se abraçando meus joelhos e apoiava meu queixo nas minhas pernas.
Olhos vivos, fome veroz, corpo atento e mente ansiosa pra todos os ensinamentos, pra quem sabe, algum dia eu contar tudo que te conto agora através de uma dança.
segunda-feira, 22 de março de 2010
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