sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

15 tampas

Minha boca, que tem a personalidade bem parecida com a minha, apenas deixou tudo ir embora, não queria ficar questionando e esperando as coisas melhorarem: apenas fez. Como uma sagitariana faria. Minha barriga não, resistiu até o ultimo minuto e quando não agüentou lançou tudo até a privada.
Enquanto o gosto arranhava minha garganta toda a música se parou, tudo parou por um segundo em mim e enquanto um par de olhos preocupados me olhava, eu me senti como um bebê que vê seu reflexo pela primeira vez em um bisturi, e se encanta com os olhos azuis que deus concedeu nessa vida.
Mas fazia 15 anos, quinze longos e fudidos anos que me fizeram parecer ter 52 deles. Anos são como tampas de caneta bic: você não as coleciona, mas tem um monte delas jogadas pelas gavetas.
Daí eu levantei minha cabeça e percebi que não lembrava como tinha chegado ali, que meus olhos estavam muito vermelhos, que meu short estava caído, que minha boca estava doendo, que minhas pálpebras estavam fundas: que era o meu aniversário. O meu melhor aniversário.