sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Eu sei que parece rídiculo, eu sei que já disse antes e antes e até mesmo antes de dois antes atrás. Mas repito: não tenho mais palavras. Todas as noites tento encontrar - em todas as línguas que tenho na ponta dessa aqui - alguma palavra pra descrever o quanto difícil tem sido organizar o mundo dentro do meu peito. Agora escrevo olhando pra um espelho que grita o quanto diferente - até fisicamente, deus! - estou. Em contraponto escrevo aqui, na mesma batcaverna de quanto anos atrás? Já não sei mais, por mais que tente: eu não sei mais nada. Reavaliei o mapa que as estrelas me deram, reli o que pra vocês contei por aqui e tudo que surge em mim é aquela famosa sensação de um franzido engraçado quando o nosso peito reconhece o ator de um outro filme que nossos pulmões absorveram. E eu reconheço um pouco, é claro, olho pra essa menina com cara de garoto sorrindo com um pouco de sabão na bochecha direita e sei - ah, isso eu sei! - que aquele sorriso esticado carrega, de alguma forma, o que eu carrego aqui agora. E o nome disso é fome-de-mundo, vontade de pisar em diferentes texturas pra poder achar - mais e mais e mais - metafóras pro que o meu coração sente, pro que meu coração - na minha situação atual - vomita. Eu quero o mundo, Deus! Eu quero o Dr. Antônio Monteiro, eu quero o meu João Bião, eu quero meu castelo frânces, e o pedaço de madeira que vivo aqui! Quero meu Miguel Navarro e até Canizares! Mas não quero abrir mão de nenhum,
Eu não quero sair daqui,
Eu não quero ter saído de lá,
Eu não me importo em não me reconhecer,
Mas por favor, você
Não me esquece

domingo, 24 de junho de 2012

Um desses que nunca postei

Quero te contar tudo detalhadamente, quero que você sente do meu lado e eu te descreva a minha mais nova paixão por fotografia. Depois falar de como meu par de lentes me incomodam, e como meu óculos quebrou. Conto-te de como foi toda essa sensação de montanha-russa, de loucura e de como tudo acordou e acabou como sonho. Contar-te das brigas, das lágrimas, da saudade. Ah... Eu te conto tudo se você quiser ouvir.
Falar de como eu me sinto numa correria, e de como me sinto ameaçada. Falar que tudo anda sendo um exagero, e que não tenho mais paciência pra gramática, matemática e todas essas áticas literais demais pra mim!
Falar que ando me cansando do meu ego, dos meus limites e de tudo que já disse que agora quero é o caminho contrário. Mas ele não existe.
Falar pra você que agora tenho uma nova coleção: tudo que não existe e é impossível de conseguir, eu sei, eu sei. Essa noticia é velha.
Te falar que estou com uma tosse incansável, e que ando me trancando nos quartos de novo, só transformando sombras de bichinhos feito com mãos.
Ah Querida, comprei um par de sapatos hoje, o lado direito é verde e tamanho 41, o lado esquerdo é vermelho e 37. A unha do pé direito encravou de novo. Ando tirado tantas fotos, capturei um sorriso, uma formiga, dois pores-do-sol, um suicídio. Eu fiz o que você pediu, larguei o vício e não mastigo mais jujubas verdes, é. Você sabe, nunca achei bolso uma coisa útil e concordo quando você diz que os controles remotos deveriam ser costurados nos sofás. Porém, o que os sofás achariam disso? Qualquer dia desses eu pergunto.
Desculpe a demora, mas é que quando a velhice chega ela faz com que os cadernos sempre pareçam bons travesseiros. Eu fiquei nervoso de novo, eu sei, eu sei. Descontrolei-me, são os remédios eu acho. Ou a falta deles.
Meu amor, eu sei que você não gosta que eu repita, mas a curiosidade aperta. Quando você volta?

Assim que poder, me mande uma carta.

100g serve dois

Eu sinto que tenho que escrever algo, dizer algo, contando pra os poucos que restaram por aqui que o ar continua saindo pelo meu nariz, que meu coração ainda bate. Mas o pouco que sai de meu português desacostumado é cru e opaco, não chega nem a ser bom. Mas a vida acontece enquanto a gente planeja e é por isso que tenho escrito com todas as palavras que eu tenho - e desenhado com as que eu não. Eu quero contar todas as novidades, mas não dá, porque eu renasci e o pouco que restou de mim fica trancando em um nó na garganta que não se move. Can you believe that I saw the ground turning to orange? Can you believe that I saw the ground turning to white? They told me that it's going to be colorful in some weeks! Você acredita que por aqui cavalos usam casacos? Que 100g serve dois? Que, por aqui, não existe medo no ônibus? E a terra treme durante a noite? Mas no meio de todo o inimaginável tem a satisfação, me olho no espelho e cada dia me perco em todas as mudanças que vão acontecendo, em meu corpo se tornando redondo e minha mente se tornando mulher. E eu gosto, gosto tanto! Estou satisfeita e apaixonada com todas a fome de ação que tenho, e do quão nutrida delas estou. E se um dia quis largar isso tudo, hoje quero me agarrar em toda a vida que uma vida pode ter. Mas assim como chocolate: Acaba. Aliás, assim como tudo. E é nisso que meu coração vem se apertando, você já se olhou no espelho e percebeu que um dia os seus olhos vão parar de piscar? Que os meus olhos vão parar de piscar? Que nós nunca seremos velhos o suficiente pra conhecer o mundo? E minha vontade de existir é tão grande que não consigo encará-la, como posso estar aqui e agora enquanto o universo é considerado infinito?