quarta-feira, 31 de março de 2010

Pssss...Silêncio!

Silêncio parece ser a única possibilidade a ser escrita. Faltam-me palavras mesmo tendo uma grande quantidade delas guardadas em minha gaveta. Já não sei mais usá-las e tão pouco sei entendê-las. Atraio alguns olhares curiosos e algumas bocas insatisfeitas: Não sei satisfazer sua fome de energia. Toda minha alma e meus cantarolos foram esgotados e mastigados pelo interesse alheio.
Agora conto com minhas próprias mãos, com meus próprios pés, meus próprios olhos e meus únicos ouvidos. Deve saber que é difícil contar consigo mesma quando não acredita em uma única palavra que diga.
Minhas fantasias de infância não cabem mais em mim, depois da serpente e sua maçã, elas precisam de ajustes igual a minha cabeça, de uma agulha afiada e uma linha avermelhada. Vestidos, vestidos e vestidos jogados em um relicário abandonado.
Depoimentos de uma sepultura, de uma ex-morta, de uma renascente. Meus olhos já foram sepultados junto com minha boca e meus ouvidos, mas agora, cansei. E de tempo que eles já estão descosturados e soltos pra ofender e ser ofendido, pra elogiar e ser elogiado e perceber cada ato que não corresponda a ausência de barulho.
Cuspa na minha cara, bata no meu rosto, chute-me ou espalhe seus gritos por meus ouvidos. Mas, nunca, fique em silêncio. Odeio seu silêncio, porque consegue ficar em segurança nele. Enquanto a minha segurança são minhas lágrimas, que de nada servem. Grite, vai, chore, coma, alimente-se, minta, falsifique, prove que você também é humano e que ainda existe em você alguma quantidade de batimentos dentro do seu coração. Vivo uma maré cheia de silêncio agora. Acho que uma página vazia não diria o que eu quero dizer. Porque ao contrário do que você pensa, o silêncio é ensurdecedor.

sábado, 27 de março de 2010

Insônia e suas moscas I

Ficar com tédio pela tarde, é um saco, lógico. Mas decidir dormir pra não pensar desencadeia uma série de proporções graves a noite, como uma das piores coisas que a mente nos proporciona: insônia.
é um tédio, pela noite! Onde você se dispõe a ver vultos, demônios, sussurros, danças, músicas e todos os tipos de coisas estranhas que você não veria a luz do sol.
Da um peso nas pálpebras, e seus olhos parecem tão quentes, as lâmpadas de minhas idéias são infestadas por moscas, que ficam voando em torno de mim.
-Ei, saiam daqui suas moscas idiotas - eu disse.
-VVVVVVVVVVVV
-Qual é o seu nome? - insistir - V?
-Haha, parece até que você não sabe! - disse à mosca que reviraria os olhos se tivesse apenas um par deles.
Cansei das moscas e fiquem pensando nas minhas idéias, nos meus últimos dias, na minha família, na minha irmã que mora longe, na minha avó que não vejo muito, nos meus amigos e demorou muito mais do que deveria porque as moscas voavam pra cima de mim como se eu fosse um banquete de comida recém-preparada.
-O que fazem aqui?
-Estamos aqui pra nos alimentar da sua energia - disse a mosca apontando pra lâmpada sobre minha cabeça - Temos medo do escuro.
-Porque vocês falam?
-Porque você fala? - disse uma mosca rindo e olhando pra procurar a aprovação com a risada dos amigos.
-Vocês sempre falam? É que nunca tinha sido apresentada a uma mosca que falava.
-Não falamos com qualquer um, com qualquer estranho. E não somos moscas quaisquer, você nos conhece. Apenas não lembra.
-Já disse, nunca fui apresentada a nenhuma mosca, lógico que me lembraria se isso acontecesse.
As moscas começaram a rir da minha cara, tentavam falar alguma coisa mas, caiam na risada antes de terminar qualquer frase completa. Dei uma risada da situação, elas batiam nos joelhos e tapavam a boca com a mão ao mesmo tempo, pela grande quantidade de braços. Então uma pegou ar e chamou a concentração e silêncio de todos dizendo:
-Não somos moscas, colega.
Pronto, agora tinha virado um carnaval das pseudo-moscas que dançavam de tanto rir, pulavam umas nos colos das outras de tanta felicidade e riso. Foi muito contagiante e se não estivesse exausta, riria juntamente.
-Claro que são moscas, olhe seus corpos gordinhos e asas pequenas demais, centenas de olhos e mais de um par de braços!
Uma mosca mais idosa, de barba branca que aparentemente não achou graça de nada aquilo que estava acontecendo disse:
-Isto é a forma física que sua mente se apropria de nós.

[LEIA " INSÔNIA E SUAS MOSCAS II" ABAIXO]

Insônia e suas moscas II

[...]
- Ah, agora já ficou um pouco mais claro pra mim. - A lâmpada sobre minha cabeça pareceu ficar muito mais luminosa e até acender uma parte do quarto foi possível. As pseudo-moscas foram todas para lá.
- E o que são então? Quais são seus nomes?
A mosca que pareceu ser a que mais falou pequena e gordinha, com a barba mal feita e vestida como cantor de música brega disse:
- Meu nome é Culpa este ao meu lado é Ciúme. Ali nos observando no canto é a Inveja, o senhor que falou contigo é a Hipocrisia. Aquelas três sentadas uma do lado da outra é a Falsidade, uma delas é a Falsidade as outras duas são as irmãs Ilusões, Aquele casal dançando é a Mentira e o Arrependimento.
-E porque vocês me visitaram hoje à noite?
-Você que nos fez aparecer!
Pensei em perguntar onde estava a tristeza, ou a solidão, no entanto sei que não as vejo como moscas. Então disse:
-A felicidade, onde está?
E todos em coro começaram a dançar e cantar uma frase que dizia assim:
-Esta você colocou pra dormir, essa do sono não quer acordar. Estamos cansados de tanto trabalho! Também queremos experimentar! Esta você colocou pra dormir, essa do sono não quer acordar. Estamos cansados de tanto trabalho! Também queremos experimentar!
O Drama se esbaldava e a Necessidade de Atenção gritava:
- De novo pessoal!
Abaixei meus olhos, não conseguia dormir com todas aquelas moscas cantando, queria as moscas caladas da minha fazenda de novo. Deitei-me, passei o lençol sobre meu corpo e só acordei essa manhã pra citar essas palavras.


sexta-feira, 26 de março de 2010

decomposição.

Agora, me deito cansada de mais um dia exaustivos. Jogo-me na cama e sinto finalmente meus músculos relaxarem. Minha mente é solta e livre pra pensar no que quiser, mas, ela resolve pensar nestas palavras a serem escritas.
O vento frio, que raramente bate, causa em mim um arrepio. A preguiça, idosa que é. Não quis mover seus ossos que rangem e me prendeu ali na cama, nem mesmo fechar a janela fechei. O vento revoltado começou então a levar pequenos pedaços de mim com ele. Levou minha hipocrisia, meus fios de cabelo e uns 17 cruzeiros que estavam no meu bolso.
Não balancei nem um dedo mindinho pra impedi-lo de fazer isto, tudo aquilo faria falta sim, mas o sono era tanto que minhas pupilas começaram a pesar muito e minha boca se abriu em bocejo. Só queria descansar, decantar. Estava degradando, estou em decomposição, desaprovação. Parei e deixei o vento levar minhas impurezas, arrancar cenas tristes dos meus olhos, gritos pesados de meus ouvidos e eliminar qualquer sujeira vivenciada.
Está é a passagem comprada pra mais um domingo de tédio, crises existências, bipolaridade e sono.

Muito sono.

Infortúnios.

Agora só restam lembranças e poucas fotos que restaram, lembranças de gritos cortantes e do cheiro incansável de gasolina. Lembro dos corpos mortos que permaneceram finalmente em silêncio, jogados ao desdém.
Sim, me lembro tanto de cada detalhe, mais do que um homem de 83 anos à beira da morte normalmente lembraria. Lembro-me do dia que percebi a realidade da guerra e seus infortúnios.
- Soldado Paul - disse em tom firme - peço-lhe um favor, caro norte-americano.
- Sim, senhor. - eu disse em devoção.
- Uma pessoa deve ser executada pelo roubo que cometeu ao estoque de comida.
- Aonde, senhor?
- Sala 3 - disse encerrando a conversa como um ponto final.
Não era a primeira vez que ia de encontro à morte, em um lugar como aquele, a morte se torna uma amiga frequentemente vista e já me era tão comum que nem mesmo arrepios me causavam.
Abro a porta e vejo, então, uma mulher morena, parda, com o rosto cheio de hematomas, vestimentas degradadas. No canto direito da sala, estava um menino de uns oito anos, com roupas igualmente sujas e lascadas. Seu corpo era tão magro que seus tornozelos deveriam ser do tamanho de meus pulsos.
Na mesa onde a mulher estava algemada, estava uma rosa tão vermelha igualmente a que está do meu lado agora. Do lado da rosa, a um palmo de distância estava um revolver com capa de couro que usaria. E no meu peito, dor.
De imediato, neguei. Nunca poderia matar uma mãe na frente de seu filho, que provavelmente já deveria estar com emocional abalado por ser tão jovem em uma situação como aquela. No entanto, tinha de agir com as regras, quando aceitei esse emprego, aceitei agir dentro das leis que me eram ordenadas. Hoje entendo que não fiz a escolha certa e de certa forma até me arrependo, poderia ter seguido como exemplo a minha própria mãe e o açucar de minha infância.
Começa em mim uma guerra psicológica, ética versus moral. Segurei a arma, tanto silêncio, quis dizer algo, pedir desculpas. Pedir desculpas pelo quê? A culpa era minha e não poderia des-culpá-la. Então resumi minha inferioridade para apenas quatro palavras que, mas tarde descobri que nada significaria:
- Que Deus te abençoe.
Seu filho correu até seu corpo e o abraçou com braços finos observando os olhos abertos de sua mãe, tinha sido um tiro no peito e ela nem durou o bastante pra trocar alguns olhares com ele. O coitado chorava tanto, soluçava tanto que quis ser como um coleguinha de futebol e abraçá-lo dizendo que tudo ficaria bem, mas não, eu era apenas um soldado sem valor, numa guerra sem valor cometendo erros que jamais seriam acertados.
Não preciso lhe dizer que abandonei o emprego, já não era um soldado e suas ordens: Era uma criança acompanhada de suas lágrimas.

drama drama drama, URGH.

Um abraço molhado se é que posso descrever assim, não molhado por ter água sobre o nosso corpo. Mas porque ela estava sendo, pra mim, tão volátil quanto a água. Não podia abraça-lá nem apertar suas mãos porque ela fogia de meus dedos e de meus braços, evaporava igualmente diante de meus olhos quentes.
Logo percebi que sumira bem a frente dos meus olhos e tentei em braçadas desesperadas prendê-la. Mas, e se não quisesse? Não tinha o direito de decidir, isso já não pertencia a mim e ela tão pouco nunca pertenceu a ninguém, lógico.
Com minha grande ignorância em anatomia, não sei que órgão fica entre meus peitos, ou se existe algum. Mas em mim, sua dor corresponde a um emocional ruim e ele doía como nunca agora.
Fiquei fitando seu corpo se tranformando em gotas e indo contra o vento, no meu rosto, borrifando pequenas gotas de água que se misturavam a umidade de minhas respectivas lágrimas.
Ai...Como queria abraçá-la e sentir sua carne e seu osso, contra meu abraço e ter certeza que estava ali e que eu estava ali pra ela. Não, deve imaginar que não houve essa oportunidade, nem tive a possibilidade de ouvi-lá por exemplo, porque tudo se transformara em silêncio, quando tudo o que queria era barulho de sua voz.
Chorava calada, muda de olhos bem fechados. Já não me restava voz nas cordas. Estava tudo molhado, tudo errado, encharcado e tudo que eu fazia? Chorar, mesmo sabendo que só aumentaria a grande quantidade de liquido dali.
Pano, balde ou geladeira?

quinta-feira, 25 de março de 2010

6:20

Evitava ao máximo mover meus olhos para trás, buscava farsas pra olhar a frente e manter minha irís bem frontal, pra evitar qualquer evidência de que apenas-somente pensei ou tive curiosidade de revirar meus olhos um só minuto. Já nada mais era interessante, tudo agora era muito fraco e águado comparado ao que tinha acabado de quase-ver, nada poderia comprar minha fixação no mundo, quando o mundo parecia estar bem atrás de mim.
Logo, achei que fugir um pouquinho das minhas mentiras não me faria falta, e lá estava eu me enganando mais uma vez. Jurei pra mim que observar em um tempo superior a alguns segundos seria terminantemente proibido.
No entanto,
não sabia que permaneceria a eternidade costurada em seus lábios, em seus olhos. Como pude não perceber que já tinha me enganado tantas vezes na mesma situação e que pra mim, mas uma não seria nada? Quebrei a minha própria promessa e apartir dali não teria mais confiança em mim, mergulhara em um mar de mentiras. Poderia me sentir nojenta, cruel, burra, falsa, mentirosa por esses motivos se todas as minhas celulas não tivessem ocupadas naquele momento, sentindo idem, só que por estar tão perto da perfeição.
Desapreendi a corar, cantar, dançar e todas essas coisas que terminam com AR, este que também perdi, desaprendi o que nem tinha pra aprender ainda.
Como pedra enferrujada permaneci ali, petrificada, por mim eu passaria o infinito a olhando, relutara com meus antigos desejos e pediria até pra deus, se fosse necessário, pra viver eternamente só pra saber que estaria em um mundo da qual existe. Só que aí está, não estava em sintonia com este e acordei assim que, no sonho, iria andando para seu lado.
-6hrs20min, acorde é hora da escola.

terça-feira, 23 de março de 2010

A ilusão das terças-feiras.

Em afirmações rasas como uma piscina clara, é fácil perceber que admiro a falsidade diferente dos demais, que a odeiam. Eu gosto tanto de coisas que agem como outras, que me faz comprovar as minhas suspeitas sobre os humanos serem adaptáveis a quaisquer situação proporcionada. Porém, apesar de achar isso, duvido que alguém goste de grandes mudanças. Não aquelas de corte de cabelo, de lápis ou de brinco. Aquelas grandes, como fins de relacionamento, reclusões e fim de sorvete. Duvido que alguém aprecie isso, porque eu odeio situações incovenientes e sem beneficio da dúvida ou da negação.
Mas não vou mudar o rumo do que planejara escrever. Uma verdade que deveria ser contada a tempo, vista dos meus olhos. Essa falsidade se repete toda semana, sabotando cada vez mais nossas mentes:
A ilusão das terças-feiras.
As minhas quartas são felizes e sociavéis, tão pouco entro no computador para me alimentar de conversações porque não as necessito no final do dia. Quintas são más alunas, nervosas e inseguras, sempre chego mal pra prova do dia seguinte. Sextas agem como crianças e ignoram o fato de ter ido mal na prova e saem sorridentes pra uma tarde tranquila e de terapia. Sábados são junkies, divertidos, quentes, agitados e dançarinos mas nem sempre, as vezes são bem familiares. Domingos, são depressivos, cansados, duvidosos e isso dá uma boa combinação de crises de identidade. As segundas são descompromissadas, são os dias que levo anotações por ter ficado com os pés aparentemente presos o dia de domingo todo.
E aí está: As terça-feiras sempre agem imitando algum dia, nunca são originais. Fico imaginando como seria uma verdadeira terça-feira, porque nunca fui apresentada a nenhuma. Todas são falsas. E hoje, esta terça-feira escolheu logo ser um domingo!
Aquele clima frio, dia escuro como as cortinas fechadas pra fingir que a noite de segunda já está chegando, e eu, derrotada, dormi em quase todas as aulas depois de descobrir que tive uma nota péssima em matemática. Vazia, meio nuvem, eu voava quando uma brisa fria soprava e de tão translúcida que estava ninguém notava a minha presença, estava somente disolvendo como um comprimido de vitamina-c.
E essa terça-feira idiota me deixou assim: chateada, rabugenta, careta, presa, nervosa, cansada, vazia, chorosa, inresponsável, grossa, auto-discordante. E o remédio foi pegar alguns comprimidos pra gripe e tomá-los pra usar como soníferos, e graças aos céus eu dormi e só acordei pra depor essas palavras.

Aviso inútil. ¬¬

Tenho que parar de fazer isto, mil postagens no mesmo dia. Agora são mais ou menos 7:42 da manhã de uma terça feira, deveria estar no colégio. Mas este sempre alaga em dias chuvosos, dias raros em minha cidade, e hoje só irei bem mais tarde o que me dá um tempo entre minha mãe acordar e me dá uma bronca e minha carona chegar. Porque mesmo estou falando isso?




Obs: Porfavor, se alguém lê meus textos (e pequena notas no fim do texto) pode me avisar? As vezes fico pensando a utilidade de colocar tudo aqui por nada. Mesmo sabendo que isso me ajuda tanto quanto uma caneta e papel ajudam.

Ah, Sonic...

Err, o passado condena.

Seus olhos carregavam a loucura, a loucura que ela aprendeu desde pequena com um grande exemplo. Meus ouvidos tentavam deixar os seus gritos de lado, meu sangue tentava renegar que pertencia a aquele monstro e meu coração, já estava acostumado. Aqueles tapas não atingiam meu físico, aqueles tapas tingiam minha alma, de verde, de azul e principalmente de um vermelho vivo. Só as minhas paredes podem contar como foram meus gritos, só o meu espelho pode te contar a minha aparência.
Desejei tanto naquele momento ser um espelho, só para aquela pessoa poder se ver e perceber como estavam seus olhos e como ele agia sem pensar. Mas, infelizmente eu me tornei um fantasma, como fantasma seus braços passavam por mim tão leves que nem mesmo os sentia. Para destrair, me sentei
e fiquei pensando nessas palavras a serem ditas, escritas; explicadas. Naquele momento, optei por não sentir, não ter sentimentos. E poucas vezes mais eu o tive.


Este penultimo texto me reportou para um texto que fizera a muito tempo atrás, achei ele e fiz algumas alterações para poder divulgá-lo publicamente. Mesmo sabendo que ninguém lê isso, haha.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Confusão em poesia.

Hoje, o que mais admiro no espelho não é meu corte de cabelo, minhas roupas e muito menos meu corpo. O que gosto verdadeiramente de mim são essas confusões, essas lágrimas repentinas, esse gritos aprisionados que saiem como fugitivos. Como já disse minha tia, melhor do que transformar água em vinho ou ferro em ouro é transformar confusão em poesia. Aqui estou eu, tentando transformar essas repugnâncias em algo que não me enoje e que me traga aprovações, ou recusações se interpretados de maneira correta. Necessito de alguns meios e o mais importante deles, são as palavras. Através delas quase consigo expor e colorir minha alma com a mais cinza escuridão. Sem as palavras, não sei se seriamos capaz.
Mas sim, eu vi. Pessoas que se expressam não pelas palavras, pelo corpo. Já os tinha visto e apreciado, mas não tão de perto. Nunca observara e sentira o cheiro da atuação, do fingimento. Nunca tinha visto pernas e braços que agiam como verbos e substantivos. Muito menos colunas e olhos que são, sem ser, verdadeiras pontuações. Muitas vezes, sem voz, sem fala. Se pudesse mastigaria essa magia, digeriria o teatro e me alimentaria de seus amantes. Talento, não tenho, e mesmo que o tivesse, não saberia. Talento não se lê no espelho.
O palco me serviu como tomada e me deu um choque tão grande que pude sentir a estática correndo pelo meu corpo de tal maneira que meus olhos fecharam-se, meus braços travaram-se abraçando meus joelhos e apoiava meu queixo nas minhas pernas.
Olhos vivos, fome veroz, corpo atento e mente ansiosa pra todos os ensinamentos, pra quem sabe, algum dia eu contar tudo que te conto agora através de uma dança.

Menos que uns 20 cruzeiros.

Normalmente, olharia em algum olhar e logo quando se encontrasse com o meu, minha bochechas se tornariam rosadas iguais a rodelas de romãs, minha mão rapidamente se encaixariam em meus bolsos e meus ombros se aproximariam do meu pescoço em sinal de vergonha. Porém, aquela não era uma situação normal, poucas vezes fico tão segura e alegre.
Olhei e observei, fiquei imaginando o quanto fantástica aquela criança era. Não tão criança de idade, diria. Mas poderia enxergar nas janelas de sua história uma criatura extremamente dócil e infantil, mesmo apesar de seu corpo pedir distância. Devo dizer que daria um abraço, se me permitisse. Via uma criança sem infância, com poucos brinquedos e poucos jogos, um menino de apartamento feito de creme de amendoim.
Retornou o olhar, não mexi minha cabeça, aproveitei pra ficá-lo observando ainda mais com meus olhos costurados nele, escutava seus pensamentos e ouvia sussurros de suas palavras inteligentes no pé do meu ouvido. Desta vez, quem se envergonhou não fui eu, e como uma tartaruga insegura voltou-se rapidamente para seu casco e suas mascaras. Sorri da situação e pude ver um sorriso incompleto no canto da sua boca, ansioso pra sair, porém preso.
Poderia levantá-lo e dar meu apoio a suas crises como um coleguinha do futebol de lama que não o teve, ou, teria que ceder a essa guerra fria que é o mundo e apenas, fingir e atuar com esses limites colocados pela sociedade, de que nada aconteceu e tão pouco me lembraria daquele aprendizado.
E foi exatamente o que eu fiz, aliás, fui contra meus desejos e me sentei dando meia volta, afinal, Não sopro bolhas de sabão, nem jogo futebol na lama, agora sou mais uma humana qualquer, irrelevante que vale muito menos do que uns 20 cruzeiros e estes, não podem demonstrar amor.

sábado, 20 de março de 2010

cemitério familiar.

Nada era falado e muito menos seus olhos estavam fitados nos meus. Silêncio habitava aquela mesa como o que habita um cemitério. Era tão vazio, tão desconhecido. Pareciam que duas estranhas agora se sentavam em uma mesa. A diferença é que não houve comprimentos nem apresentações.
A mente não, esta que nunca se cala ficou ativamente participando de um monologo onde se punia, se amava, se odiava e sorria.
Somente um relacionamento baseado em mesuras obrigatórias; submissão.
- O que está pensando? - disse ela.
Essa é a hora que diria que não concordo com ela, que não gosto de suas atitudes, que tão pouco entendo seus racinio e que detesto suas palavras. deveria dizer tudo isso, mas, não.
- Nada - foi o que eu disse.
-Como pode pensar em nada?
Queria eu que minha mente ficasse em silêncio ou não pensasse em nada, queria mesmo aprender a fazer isso, mas uma coisa que aprendera é a mentir.
-Eu consigo - E o assunto se encerrou ali.

Inspirado em Phillip Pulmann.

Segurava ele em minhas mãos, agora em forma de camundongo ele subis sobre meus braços e se aquecia dentro da minha blusa. Sussurrava em meu ouvido palavras amadas e com cheiro de lareira em tardes frias. Balbuciava palavras incompletas novamente, por causa do frio e do medo do inconfirmado. Ia andando na direção que a morte me mandara, até chegar em uma canoa que me levaria pra meu destino seguinte. O velho jangadeiro que fazia a viagem disse:
-Pode se sentar, madame?
-Não.
-Sente-se Madame- Dizia agora ordenando.
-Levarei ele comigo.
-Não- disse o senhor com um pé de galinhas em cada olho, representando o peso da idade que tinha.
-Porque não? - Dizia eu ignorando as normas.
-Creio que não posso dizer que te entendo, nunca tive um companheiro como vocês tem. Do lugar onde venho, eles não existem. Porém, compreendo que é de grande amor.
- Se compreende, porque não posso levá-lo comigo? - Agora eu implorava.
-Peço que você igualmente compreenda que essa são as regras, você terá de ir. Ele terá de ficar.
Nesse momento minha garganta cedeu a pressão que fazia e grandes soluços vieram a ser soltos, transformados em urros de dor. De camundongo se transformou em um guaxinim e com sua mascara preta ele lambia as lágrimas dos meus olhos. Eu o beijei enquanto tentava dizer a mim mesma que ficaria tudo bem, mesmo sabendo que era uma grande mentira. Ele desceu sobre meus braços e foi para o chão olhando pra mim com aqueles olhinhos pretos brilhantes.
-Vai ficar tudo bem - eu disse, mesmo sabendo que ele lia minha mente e também discordava de mim.
Não, não vai ficar tudo bem. É difícil de aceitar, de crer. Como pode? -ouvia seus pensamentos.
- É, ficara tudo bem. - disse ele em voz alta agora, igualmente mentindo. - Você foi uma companhia maravilhosa.
- Você foi um dimon maravilhoso!
Nos olhamos por um longo tempo até sermos interrompidos:
-Não posso demorar demais. - disse o velho resmungando.
Nós dois agora chorávamos na beira do cais, em frente a canoa. Berrávamos igual as crianças que verdadeiramente somos. Não chorava mais lágrimas salgadas, chorava sangue agora, chorava a dor do meu coração sendo apertado pela distância. Ia caminhando pra jangada sem olhar pra trás. Me sentei sozinha ao fundo, enquanto sorria pra ele um sorriso tão encharcado e ele me devolveu igualmente esse sorriso.
-Tente não pensar sempre em mim, Pan. - disse ele agora em forma de um gato domestico.
Como não pensaria sempre nele? Seria apenas o que eu pensaria! Como esquecer todo o tempo que ele esteve ao meu lado, eternamente aquecendo meu peito e me alegrando com risadas? Sorte minha se me esquecesse, mas, se dependesse de mim essas memórias seriam eternamente aquecidas.
-Tentarei, mas é impossível! - Tive de gritar, agora já estava muito longe. E meu coração apertado doía com a força de um martelo. Parecia que tudo de bom da vida, agora sumira.
Fechei os olhos e quanto mais evitava as lembranças, elas apareciam. Afinal, não se diz não ao cérebro.
Meu fluxo de pensamentos foi interrompido por uma fala velha e ranzinza do condutor:
- Não é a primeira que chora. Alguns se negam, outros aceitam, outros até mesmo pediram por isso. Uns dizem, que vão chamar o superior e que houve um engano. Até oferecer dinheiro me oferecem, tão poucos sabem que aqui dinheiro nada mais é do que um pedaço velho de papel esquecido.
Me apeguei aquelas palavras como uma criança em seu cobertor quente, elas era que eu tinha pra em alimentar agora. E foi nelas que fiquei pensando todo o caminho até o mundo dos mortos.





Depois continuo.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Belo chá - disse alice.

Já disse que uma das coisas que mais gosto de fazer é ver a essência da erva sendo dissolvida no chá? Principalmente quando é o de frutas vermelhas com seu cheiro doce e as respectivas lembranças de tardes multiplicadas por amigas, joelhos nos tapetes e sorrisos doces acompanhados de biscoitinhos de goma pra adocicar ainda mais.
Abraços de sueters e aquela tarde fria, acompanhada por lareira e chocolates quentes. O horizonte acinzentado fazendo mesuras as criaturas que precisam lembrar que o tempo pode ser amado.
Buchecha contra bochecha e braços envoltos aos nossos ombros e mais uma vez a gente se abraçava com força, ouvindo músicas classicas do Tiersen.
Ver a essencia do chá me faz crer que mesmo colocados em uma situação dificil, como uma xicara quente, e nossa essencia saindo, podemos fazer um bom chá! Uma boa combinação e sabor.
Presa agora em um domingo de tédio, gostaria mesmo de poder participar de um domingo amável como aqueles e nem mais o chá de frutas vermelhas me faz levantar pra ser preparado. Minha coluna está presa a esta cama, minha mente só pensa nessas palavras porque minha mão se recusa a pegar a caneta proxima de mim.

E.C.T



Quando a preguiça for embora, quem sabe não faço meu comentário sobre este video?

Tosses de moscas.

A serpente passava fria, gélida, rastejando em curvas sobre minha bacia, minha barriga, meus peitos. Ao poucos foi se contraindo contra meu corpo e o ar me foi embora. Minhas mãos, fracas demais para tirá-la dali. Meus pés, ausente demais pra correr dali. Minha cabeça, tonta demais. Ela segurava meus pensamentos com os dentes afiados e envenenados, mastigando a energia dos neurônios.
Olhos saindo contra a face e vazando, tudo que já havia visto, agora corria sobre o chão. Molhando o carpete que mãe não deixa molhar. Ouvidos agora vazavam, desperdiçando tudo que já me foi ouvido, segredos, risadas e até mesmo tosse de moscas presenciadas. A boca econômica, dela nada vazava de tão ocupada que estava soltando um único grito continuou de dor intensa. Uma única vogal usada repetida vezes. A
A cobra pousou no pescoço e sussurrou no meu ouvido um seqüência de "s"s que detalhava o pedido da experiência, o pedido da libertação e do gerar pensamental. Ofereceu-me o tal fruto, só me restava experimentá-lo agora.
Braços e pernas cresceram tão rapidamente quanto os seios. Cintura e rosto afinados e nadegas levantadas. Lábios engrossados e comportamento estranho, liberdade. Sede, sede de convivência, sede de gente, do quente. Sede de dor, de solidão, de amor. Vontade, gritar, de chorar, rir e sair.
Este era o ingresso, agora só me faltava a trouxa e os pés no chão. Com um vaso guardou tudo visto, interpretado, escutado e falado que restava no chão, no bolso, e agora um recipiente cheio de jujubas e itens coloridos aguardava na sua mochila.



Oh, lembranças...

quinta-feira, 18 de março de 2010

A roupa ruido do rei de roma.

Me olho no espelho mais uma vez enquanto planejo minha fulga, minha rebeldia. Enchergo nos meus olhos as ideias, as palavras que vão falando e saindo da minha lingua sem permissão. Palavras sujas e enferrujadas, dores de almas.
Tento pegá-las com as mãos, mas elas saiem pulando e voando, escorregadias. E dissolviam como flocos de neve quando tocava com meus dedos finos.
Segurava minha cabeça e tentava travar minha lingua com a roupa ruida do rei de roma. Não, não foi o suficiente elas continuavam a sair erradas e incompletas. Batendo em um dos meus reflexos.
- Você busca sua aprovação na desaprovação dos outros.
é o que me dizem e percebo, então, que é verdade. Não só busco meus valores nas desaprovações alheias como o contrário, me faz soltar soluços de palavras incompletas. Me quebra, me despedaça. Preciso mesmo aprender a receber elogios. Sempre que recebo olhares sorridentes ou palpinhas de aprovação, só consigo sorrir amareladamente, com um sorriso cheirando a papinha de bebê, tremido e bobo. Sempre tento segurar meu lado rigido e insensivel, juntamente com as palavras que não podem ser ditas. Logo, deixo minha mascara cair diante dos meus olhos e como mosaico ela permanece quebrada no chão.
Viro então uma carne crua, rosa e sem sal, envergonhada e sem graça.
é, talvez, não seja tão parecida com ele quanto pensava.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Eu, Jesus preguiçosa.

Porque, por um acaso ou desacaso meus dias são tão instáveis e tão poucas pessoas me deixam calmas? As vezes me sinto como o mar e seu balanço fazendo pobres marinheiros se tornarem dependentes de meus declinios, de minha fúria, de minha dor. Talvez seja cruel e desumano querer a depêndencia alheia, afinal. Sou desumana quem sabe? Não necessito, me alimento disso.
Acho que não são os humanos os chatos, afinal, humanos são apenas argilas esperando que as oportunidades criem suas personalidades.
E quem são esses ranzinzas escritores de nossos destino?
Nós, sim, somos capitões de nossas almas, infelizmente. Nada mais é deus se não nós mesmos e de ninguém mais é suas criações se não de nós mesmos.
Sim amigo, eu que criei a luz com apenas uma única frase. Também lhe digo que sou igualmente a Jesus, atravessei mares, fiz cegos verem e alejados andarem.

Agora me pergunto:
Porque, depois de todo esse trabalho escolhi apenas dois dias de descanso?

cala boca, cú.


Sinto uma bola, uma esfera, em minha garganta fazendo com que eu não diga, minta e evite ao máximo assumir minhas realidades, minhas carências, invejas, dores, e ciúmes que são sentimentos tão sentimentais como os outros, mas, não os digo. Hoje evito, evito admitir que sou uma montanha-russa ou japonesa, talvez até, infelizmente, brasileira. mas, sou. Sou e não sou só isso, elevações e declinios. Sou também tudo que as oportunidades e uma mente mal-estruturada faz com que eu seja. Sou tão submissivél e louca, sem falar de falsa e carente. No final, eu me pergunto:

Quem perguntou o que sou?

Baila Comigo II

Sento agora no seu colo, enquanto ela me nina cantando músicas suaves com sua voz arrasadora. Recosto-me os ombros sobre seu peito e ela, em forma de carinho passa a pele macia de suas mãos em mim, novamente, beija meu pescoço. Logo, deixa seus cachos levemente hidratados caírem sobre meu rosto, me beija suavemente e deixo um pouco de mim, de minha essência com ela ali. Aquele cheiro de incenso lua era tão forte!

Por fim, me pede para dançar com ela. Como posso resistir a sua dança?A seus olhos e principalmente, aos seus sussurros! Passo a mão pela cintura enquanto penso em todos os pedidos que já fiz, e aquele se realizara.

Baila Comigo I

Quando descrevo a tristeza, ou a solidão, conto um enredo, uma história. Algo que envolve em nós um romance e até mesmo uma admiração, uma carência.

Por isso gosto da tristeza, e temos um relacionamento desequilibrado, igual a todos meus outros relacionamentos.

Porém, quando falo em felicidade. Tão pouco sei sobre ela, não que a sinta poucas vezes, sinto muito mais do que demonstro. Só que quando sinto a felicidade, êxtase, não paro pra pensar como me sinto e tão pouco me preocupo em escrever sobre aquilo mais tarde. E quando vejo, meus lábios já se contraíram e já estou sorrindo, rindo, gargalhando. Por isso gosto de ser feliz, a espontaneidade das coisas. Vou me envolvendo e parece que participo de uma linha imaginaria que une os pensamentos e vou soltando um pouco de mim tão rapidamente, impulsadamente que nem mesmo percebo ou filtro o que faço, não é pensado ou estruturado. Espontêneo, diria. Fecham se as portas do mundo concretizado de forma tão sútil como o vento.

Já a tristeza, chega em mim por escondida, faz-se de sombra e se esconde a nossas costas impedindo que a vejamos. Quando surge, então, uma oportunidade ela o abraça e beija seu pescoço, em êxtase total me deixo levar. Fecho os olhos, parecem tão pesados e levados que nem mesmo cogito a hipótese de abri-los. Ela puxa meu braço e me guia pra uma dança solitária baubuciando palavras doces enquanto, simultaneamente, toca no meu rosto com seus dedos leves e mácios. A concedo uma dança e ela fica ali, me seduzindo, com sua beleza. Como uma criança e seu pai, piso nos pés dela para acompanhá-la

O tempo não perdoa, faz-se de empresário atrasado e agi de correr mais e mais rápido até que percebo a seguinte realidade: estou sozinha.

Sim, sozinha. e, por mais estranho ou engraçado estou sozinha por necessidade de uma única companhia: minha solidão.


Onde está Wolly?

Hoje, durmo sorrindo. Soa tão cruel um sorriso diante as situações a minha volta, minhas dúvidas e descobertas pessoais, questões sociais também me fazem sentir desaprovação, mais destas me tornei apenas mais um dos desistentes que desistiram, de lutar sozinho. Neste instante permaneço sorrindo diante a escuridão. Não recomendo escrever no escuro, acho que é uma apologia da vida.

-Quem diria, que a minha bochecha ainda se apertaria contra as maças do meu rosto? Parecia que as tardes escuras, com o peito recostado sobre meus joelhos, onde poderia sentir a umidade das minhas lágrimas descendo pelo meu pescoço permaneceriam eternamente ao meu lado, sussurrando em meus ouvidos a chave da solidão.

Hoje, não só durmo sorrindo como me olho no espelho com orgulho, olho pro meus pés e pra minhas unhas encravadas (ek) e percebo o quanto andei, entende? Percebo o quanto esses pés caminharam e de que não me arrependo de não forçar um sorriso, se não, não estaria escrevendo isso agora. Está mania de não se me arrepender trás problemas!

-E no final, pra onde vão os pensamentos deixados? Aonde vão os sonhos sonhados? Onde estão as meias perdidas ou o Wolly?

Acho que vão todas pra o lugar aonde vamos ao final, aqui mesmo. Tenho certeza que somos feitos de arte, de letras, de histórias, de nossas histórias, somos o que falamos e até o não falamos. Portanto, quero ser imortal. Quero que minhas palavras sejam jogadas ao vento, aos sete ou até aos três, quero que minhas palavras sejam chicletes que grudem na cabeça das pessoas, ou até mesmo que elas sejam rejeitadas, se ouvidas da maneira correta. Não quero um nome assinado, ou um sobrenome divulgado, quero audiência não no sentido “global” da palavra. E se quero, serei, ou melhor. sou.


Como diria o mazza,

-Sou imortal até que me provem o contrário.