domingo, 24 de junho de 2012

100g serve dois

Eu sinto que tenho que escrever algo, dizer algo, contando pra os poucos que restaram por aqui que o ar continua saindo pelo meu nariz, que meu coração ainda bate. Mas o pouco que sai de meu português desacostumado é cru e opaco, não chega nem a ser bom. Mas a vida acontece enquanto a gente planeja e é por isso que tenho escrito com todas as palavras que eu tenho - e desenhado com as que eu não. Eu quero contar todas as novidades, mas não dá, porque eu renasci e o pouco que restou de mim fica trancando em um nó na garganta que não se move. Can you believe that I saw the ground turning to orange? Can you believe that I saw the ground turning to white? They told me that it's going to be colorful in some weeks! Você acredita que por aqui cavalos usam casacos? Que 100g serve dois? Que, por aqui, não existe medo no ônibus? E a terra treme durante a noite? Mas no meio de todo o inimaginável tem a satisfação, me olho no espelho e cada dia me perco em todas as mudanças que vão acontecendo, em meu corpo se tornando redondo e minha mente se tornando mulher. E eu gosto, gosto tanto! Estou satisfeita e apaixonada com todas a fome de ação que tenho, e do quão nutrida delas estou. E se um dia quis largar isso tudo, hoje quero me agarrar em toda a vida que uma vida pode ter. Mas assim como chocolate: Acaba. Aliás, assim como tudo. E é nisso que meu coração vem se apertando, você já se olhou no espelho e percebeu que um dia os seus olhos vão parar de piscar? Que os meus olhos vão parar de piscar? Que nós nunca seremos velhos o suficiente pra conhecer o mundo? E minha vontade de existir é tão grande que não consigo encará-la, como posso estar aqui e agora enquanto o universo é considerado infinito?

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