domingo, 25 de setembro de 2011

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Empurrou a porta com a palma da mão para não sujar as pontas dos dedos que ele – por autoconhecimento – tinha certeza que colocaria na boca nos próximos minutos. Entrou perguntando se tinha alguém na casa e ao ouvir uma voz de retorno parou de se mover e, como de esperado, colocou o dedo na boca e roeu um pedaço de unha que aguardava os seus dentes.
A voz entrou no mesmo cômodo que ele e como resposta automática disse “Que deliciosa surpresa tê-lo aqui!” – então ela parou e viu que não era uma resposta automática. Era realmente uma deliciosa surpresa tê-lo ali, daquele tipo de realidade que se sente sobre o peito e quase pode pegá-la com as pontas de dedos ruídos.
- Eu estou surpreso em estar aqui também, e acho isso delicioso! – era verdade.
Eles se entreolharam, deram pequenos risos e ficaram ali se olhando, procurando algum tema idiota pra preencher o espaço vazio: nada. Era engraçado, sabe? Pessoas que conheciam umas as outras mais do que à si mesmas, que agora, não tinham mais assuntos e trocavam o seu passado interligado por um presente branco.
- É hora de ir, foi bom te ver! – resposta automática
- Foi bom matar um pouquinho da saudade, não é mesmo? Pode vir quando quiser! – resposta automática.
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- Eu sinto sua falta. – verdade não dita.

13 comentários:

  1. Faz tempo que eu não escrevo, e faz mais tempo ainda que não escrevo aqui. Eu não queria voltar escrevendo um texto bobo (não adianta dizer que não foi), mas voltei escrevendo ele e todos os outros textos bobos que virão logo em seguida. Porque é isso que tenho sido: incrivelmente boba. O que há de mais bobo no mundo do que lutar tanto por uma maturidade que agora desmancha de repente e por mais que tente segurá-la só entra mais, mais, mais e mais na personagem adolescente? Eu sou uma menina; Eu sou uma menina, de 15 anos; Eu sou uma menina de 15 anos, dramática; Eu sou uma menina de 15 anos dramática, que quer o que não pode: Eu sou – pausa boba intencional – Eu sou uma pessoa comum. E se já doeu demais admitir isso, dói muito mais só ter percebido isso agora: depois de todo mundo.

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  2. Você não é comum aos meus olhos. Você é Camila. Você é uma menina de 15 anos dramática e que quer o que não pode. Mas você me faz falta. Sua existência é importante, pra mim. Seu sorriso me transmite coisas boas. Você é "mais uma", mas depende dos olhos de quem vê... Pra mim você é única, especial e o escambal. E tenho dito.

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  3. adoro os seus textos *-*

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  4. Somos todos tão comuns, tão fúteis e tão vazios, certo?
    Errado. Tem alguma coisa aqui dentro, que não tem peso, nem cor, nem nome. E não se engane: você tem isso e muito mais.
    Continue a escrever, Camila, e talvez você descubra o pózinho mágico que fica pra trás quando você se move... ˆˆ

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  5. esse é o meu preferido, entre todos os outros do mundo

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  6. Porque não li nada disso antes? 7386492 votos pra Sophia :) - Flávia

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  7. Me vejo nos seus textos, camila. Percebi isso hoje, ao mesmo tempo em que percebi que sentia a falta deles. Há tempos que, como você, não riscava num papel, só pelo simples medo de ser bobo. Pelo simples medo de não agradar. Pelo medo de não ser sincero e, pelo simples medo de assim como o meu texto bobo, assim como o meu sonho de ser lobo, assim como a rasura num texto definitivo, perder o que tenho de melhor: O extraordinário. O fantástico. a magia que me sai os dedos, seja digitando ou riscando o papel - medo de perder a mim mesmo. Só agora que eu percebo que, ao exigir o melhor de mim, acabei não me dando nada. Que por ignorar o que de bobo também me sai os dedos, perdi o extraordinário que viria junto. Perdi contos que poderiam ser escritos, canções que poderiam ser compostas, desabafos que foram esquecidos. Tudo pelo simples medo de ser bobo. Sei que alguns destes contos, canções e desabafos nunca vão voltar. Sei que vários deles se foram, na medida em que esnobemente não os escrevi. Sei disso tudo, mas sei também que a vontade é muita e o tempo é pouco, e que, apesar disso, ainda há tempo para ser bobo. Sejamos então bobos. Sejamos Lobos. Sejamos bons ou sejamos maus. Sejamos o que somos, o que não fomos e o que seremos, serenos. Sejamos poucos, loucos e apaixonados. Sejamos insignificantes e virtuosos. Sejamos papas na língua, sejamos mágica nos dedos. Sejamos língua, olhos, boca e o que for. Sejamos o que formos, mas antes de mais nada: sejamos bobos.

    Carinhos,
    Rumpelstiltiskin

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  8. você não é como as outras, tenho dito isso a mim mesmo a muito tempo.. continue a escrever

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. ainda deixo isso anotado em qualquer canto de papel jogado, pra ler todo dia como um pedaço da bíblia que relembra a gente todo dia os nossos pecados. em nome de toda a nossa bobagem, amém.

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  11. Este comentário foi removido pelo autor.

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